quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Belo Monte paralisada


Por Rui Zilnet

A Norte Energia comunicou no início da tarde desta quinta-feira (23), que por determinação judicial, estão suspensas as obras civis da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e demais atividades a ela diretamente vinculadas.

Como toda população brasileira está cansada de saber, o projeto da usina de Belo Monte foi estudado e aperfeiçoado por mais de 35 anos, tendo sido investidos até agora R$ 5 bilhões de um total de cerca de R$ 26 milhões previstos.

Pelo que tenho acompanhado da celeuma que se prolonga por todos estes anos - e pela pressão dos ambientalistas sobre ela - a Norte Energia vinha demonstrando estar cumprindo à risca a legislação ambiental, especialmente no que diz respeito à defesa dos direitos dos povos indígenas da região do Xingu, garantindo que nenhuma terra indígena seria diretamente afetada pela construção da usina de Belo Monte.

Ao que me parece, o grande prejudicado com a paralisação definitiva desta obra, será o Brasil. As conseqüências para a matriz energética brasileira serão negativas e imprevisíveis. Para suprir a demanda do consumo haverá necessidade de acionamento de termoelétricas a óleo, extremamente poluidoras e de custo mais elevado do que Belo Monte.

Se as obras já iniciadas forem paralisadas definitivamente, proporcionarão sérios prejuízos econômicos e ambientais. Mais de 20 mil trabalhadores ficarão imediatamente desempregados, incluindo os terceirizados, os lotados nas obras do entorno, na construção de escolas, postos de saúde, estradas, além dos que atuam nos programas socioambientais.

Com a suspensão das obras, outro efeito negativo é a interrupção dos investimentos de R$ 3 bilhões, previstos em 117 programas do Projeto Básico Ambiental (PBA), que serão cancelados. Obras importantes, como o saneamento básico da área urbana de Altamira e de Vitória do Xingu e o reassentamento de mais de 5 mil famílias que vivem em palafitas às margens do rio Xingu.

O financiamento do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX), para atendimento das populações de 11 municípios, com recursos de R$ 500 milhões da Norte Energia - e outros R$ 2,5 bilhões do governo federal - também serão suspensos, incluindo as iniciativas para as comunidades indígenas e ribeirinhos.

Com a paralisação do repasse aproximado de R$ 45 milhões/mês, relacionados à obra de Belo Monte, as administrações públicas municipais, estaduais e federais sentirão as conseqüências, que refletirão imediatamente sobre a população local.

A economia local será severamente impactada, acarretando perdas irreversíveis de investimentos em áreas de imobiliárias, hotelaria, transportes e comércio em geral.

O que será do povo pobre trabalhador, que foi atraído pelo trabalho em abundância para uma região que sempre esteve à margem dos interesses Estado, além daqueles que já viviam marginalizados nas palafitas do Xingu?

E agora, quem resolverá a situação daquele pobre povo? Os ambientalistas ou os gringos?

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Brasil, um dos paises onde mais se persegue e mata jornalistas



“‘Jornalistas estão mais do que nunca na mira dos inimigos da liberdade de expressão’, diz diretor do INSI”

Por Jacqueline Patrocínio, em Comunique-se

De acordo com a pesquisa realizada pelo International News Safety Institute (INSI), pelo menos 70 jornalistas e outros profissionais de mídia morreram durante cobertura no primeiro semestre deste ano. Neste período, os piores países para jornalistas, segundo a pesquisa, foram Nigéria, Brasil, Somália, Indonésia e México.

Diretor do INSI, Rodney Pinder, afirma que as armas e bombas continuam como método preferido de censura em muitos países. “Jornalistas estão mais do que nunca na mira dos inimigos da liberdade de expressão. Toda e qualquer morte sufoca o fluxo de informações, sem o qual nenhuma sociedade livre pode funcionar”, declara.

Nos últimos dez anos, a taxa de impunidade dos assassinos se manteve constante no mundo em aproximadamente 90% das vezes. Sobre o Brasil, Pinder mencionou a cobrança da Asssociação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) na apuração do caso do jornalista Décio de Sá, assassinado em abril.

Esses crimes silenciam os repórteres e “avisam” de que não se deve cobrir em certas áreas. Em diferentes países, os jornalistas deixam de registrar algumas questões. “Esses cantos obscuros da sociedade não estão sendo expostos como deveriam”, conclui.

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