sábado, 25 de fevereiro de 2012

A carnavalização da tragédia

Ao batuque do samba, uma metáfora da índole nativa

Por Mino Carta*, em Carta Capital

Fato e Versão. A imagem divulgada
pelo Exército em 1975, hoje a
encenação da Águia de Ouro.
Foto: AE
Ao desfilar no grupo especial das escolas carnavalescas de São Paulo, a Águia de Ouro foi muito além da apoteose, carnavalizou a tragédia em nome da paz e do amor. Um dos seus carros evocou Vlado Herzog, assassinado pelo terror de Estado na masmorra do DOI-Codi dia 25 de outubro de 1975. Em uma caixa de vidro erguida no topo do carro entre flores gigantes, mostrou um homem aparentemente enforcado e abandonado na mesma, exata posição em que uma foto oficial exibiu Vlado na pretensão de afirmar seu suicídio.

De vez em quando, no auge do batuque, a personagem levanta-se e cai no samba. Eufórica e competente. A história deveria ser conhecida até nos detalhes miúdos, mas as circunstâncias me induzem à recordação. Vlado chefiava o jornalismo da TV Cultura e, juntamente com seus comandados e alguns amigos, era há tempo apontado como subversivo por um certo Claudio Marques, torpe figura a destilar fel nas páginas de um jornaleco de propaganda chamado Shopping News.

No espaço de uma semana, o grupo todo foi preso sob a acusação de compor uma célula comunista. Uma sombra desliza sorrateira no entrecho, estranho intermediário entre os agentes da repressão e o jornalista, avalista da entrega espontânea deste na manhã daquele sábado 25 de outubro. Torturado, Vlado não resiste, morre antes das 5 da tarde. Apoiada pela imagem forjada que inspira a encenação da Águia de Ouro, a lembrar um títere atirado ao bastidor, o comando do II Exército divulgou a versão do suicídio.

Título do enredo da escola: Tropicália da Paz e do Amor. Contou com a participação de destaques graúdos: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Wanderléa, Cauby Peixoto, Fernando Meirelles. Um conjunto de dúvidas me assalta na tentativa de interpretar o evento. Palpita nele algo similar à glorificação do esquecimento? A falta de memória é traço forte da personalidade nacional, mas no caso a impressão se desfaz diante da evidência da lembrança, embora distorcida. Vlado não é um suicida, como a plateia do Sambódromo quem sabe tenha sido levada a imaginar, ele é a vítima de algozes fardados, dos seus mandantes pluriestrelados e da ditadura invocada e provocada pelos vetustos donos do poder.

Abalo-me a crer que aquele carro, aquele específico ao menos, tencione celebrar a índole nacional. Se não ignora os fatos, condena ao oblívio seu lado feroz. Agora pergunto aos meus estupefatos botões a quem aproveitam tanta paz e tanto amor. De saída, meus constantes interlocutores recomendam prudência. Atenção, atenção, o terreno é movediço, dizem, logo alguém sublinhará que você nasceu alhures. Insisto, porém, e os botões se entregam à constatação do óbvio: a pregação de paz e amor serve aos interesses de quem recusa alterações de rota, aos herdeiros da casa-grande. Quanto aos herdeiros da senzala, que fiquem onde estão, resignados, sem dar-se conta da sua própria resignação a ponto de mergulharem na festa de corpo e alma, literalmente, tomados por singular, peculiaríssima alegria.

A homenagem a Vlado Herzog. Foto: Marcos Alves/Ag O Globo
Moral no enredo de 1975: a violência atroz e estulta da repressão fardada. Que perigo representavam para a ditadura aqueles jovens jornalistas, e tantos outros cidadãos que se supunham esquerdistas? Moral do desfile da Águia de Ouro: às favas, no embalo do samba, com o respeito à verdade factual, com o correto conhecimento, com o senso de responsabilidade cidadã, e até estético, no sentido comezinho do bom gosto. Com a mais elementar sensibilidade. Paz e amor, a bem da covardia e da hipocrisia, e que o silêncio se feche sobre as vergonhas do passado como o mar sobre um barco furado.

Dizem haver em atividade uma Comissão da Verdade, mas até agora não se entende a que veio. Uma escola carnavalesca paulista parece oferecer-lhe a pauta: deixemos para lá, paz e amor, isto é Brasil. E qual seria este Brasil? Aquele da maioria rude e ignara, ou aquele da minoria até hoje nutrida pelo preconceito e pelo ódio de classe, e sempre e sempre impune? A outra pergunta os botões não respondem: quantos na assistência do Sambódromo de São Paulo deixaram de entrar no ritmo à passagem da Águia de Ouro?




* Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.


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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Professores revoltados: Sérgio Cabral entre governadores que pressionam para reduzir piso nacional dos educadores



Os governadores do Rio, Sérgio Cabral, de Minas, Anastasia, do Espírito Santo, Casagrande, do Ceará, Cid Gomes e da Bahia, Jaques Wagner, mobilizam-se para reduzir o reajuste do piso nacional dos professores dos atuais 22% para apenas 6%


Correio do Brasil

A pressão dos governadores Sérgio Cabral (RJ), Antonio Anastasia (MG), , Renato Casagrande (ES), Cid Gomes (CE) e Jaques Wagner (BA) para que o presidente da Câmara, Marco Maia, determine o regime de urgência na votação do projeto de Lei que reduz o reajuste do piso nacional dos professores dos atuais 22%, este ano, para 6%, é um motivo a mais para que os trabalhadores da Educação parem, por tempo indeterminado, a partir da greve geral marcada entre os dias 14 e 16 de março. Maia confirmou a conversa com os cinco executivos estaduais, na véspera, durante a posse da presidenta da Petrobras, Maria das Graças Foster, mas adiantou que “uma coisa é a pressão dos governadores, outra é a matéria entrar na pauta do Plenário”, disse, por meio de sua assessoria.

Ao tomar conhecimento da ação dos governadores junto ao Legislativo, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, repudiou a atitude e avisou que “a greve nacional será o momento em que os professores irão enfrentar estes cinco inimigos da Educação”. O professor da Rede Oficial de Ensino de São Paulo acrescenta que a intenção dos dirigentes estaduais é “de romper um acordo feito no Senado”, que mantinha o reajuste da categoria nas bases definidas pela Lei 11.738, de 2008, assinada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, à época, Fernando Haddad, hoje candidato a prefeito do Município de São Paulo.

Segundo Leão, os senadores mantiveram o parágrafo único do Artigo 5º, que prevê o reajuste dos professores segundo “o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente”, segundo os critérios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Por este critério, o piso nacional seria reajustado em 22%, mas os governadores fluminense, mineiro, capixaba, cearense e baiano pressionam para que, na Câmara, este fator seja substituído pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que reduziria a 6% a correção dos salários dos mais de 2 milhões de profissionais que atuam apenas no Ensino Básico.

– Lamento profundamente que estes governadores se posicionem contra a valorização do Magistério. Eles se colocam no mesmo nível daqueles que interpuseram um recurso contra a legislação que visa reduzir injustiças históricas contra os professores. Mais lamentável, ainda, é a participação nesse grupo do governador da Bahia, Jaques Wagner, que acaba de enfrentar uma greve das forças de segurança. Ele contradiz tudo aquilo porque o Partido dos Trabalhadores sempre lutou. O mínimo que deveria fazer é se desligar desta legenda e procurar um partido neoliberal – afirmou Leão.

Procurado pelo Correio do Brasil, Wagner não desmentiu ou aquiesceu o que seu vizinho mineiro, Antonio Anastasia, admitiu com ressalvas. Por meio de seus assessores, o Palácio da Liberdade confirmou a conversa com o deputado Maia, durante a solenidade em que esteve presente, no Rio, mas fez questão de frisar que “o problema foi gerado durante o governo do presidente Lula”, disse um porta-voz do governador tucano. Anastasia está na mira dos dirigentes sindicais “desde que o Tribunal de Contas da União constatou que o Estado não aplica nas escolas o que manda a Constituição”, lembrou o presidente do CNTE.

– É importante lembrar, também, que o governador cearense, Cid Gomes, botou a polícia na rua contra os professores – acrescentou Leão.

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, disse estar em uma solenidade e não poderia responder ao CdB e o do Rio, Cabral, negou até mesmo haver participado do grupo que pressionou o presidente da Câmara, embora sua presença tenha sido confirmada tanto por Maia quanto pelo colega mineiro, Anastasia.

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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A privatização dos aeroportos

Por Antonio Lassance, em Correio do Brasil

No debate sobre o leilão dos aeroportos, o PT precisa assumir a defesa do que fez se é que está seguro do que fez. Ao balbuciarem argumentos frágeis e se constrangerem diante da opinião pública, em uma postura defensiva, muitas de suas lideranças demonstram não ter clareza de para onde sua metamorfose ambulante os está levando.

Leilão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasilia,
realizado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
As concessões foram transformadas em algo espetacular, o que foi facilitado pela imagem da batida dos martelos. Mas o PT não está dando nenhuma guinada. O leilão foi absolutamente coerente com o modelo que suas duas presidências, Lula e agora Dilma, montaram e têm posto em operação na relação entre o setor público e o setor privado para uma estratégia de desenvolvimento.

Ficou patente que as marteladas constrangeram alguns petistas, ao ponto de parecerem atingidos nos dedos. Para se defenderem, usaram um argumento frágil, que é um remendo, um esparadrapo para cobrir o dedo dolorido: são concessões, jamais privatizações.

É verdade que não houve venda de patrimônio público. Ninguém proferiu a palavra mágica “vendido”. Isso de fato faz muita diferença. Mas as concessões são a entrega de serviços à gestão privada. É uma forma de privatização sim, e o PT deveria parar de dizer que se trata de outra coisa. Ninguém acredita.

Os tucanos se refestelaram e relaxaram com a cena. Mas, ao tentarem igualar o leilão dos aeroportos ao que foi a privatização da telefonia, da Vale, da CSN e tantas outras estatais, quase nos levam a crer que a própria Infraero foi leiloada. Mas não foi, e continua valendo o ditado, ‘uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa’.

Algumas informações básicas simplesmente desapareceram, tanto entre os que criticam, quanto entre os que dão vivas à operação. A gestão dos aeroportos pelas empresas privadas irá gerar recursos que irão para o Fundo Nacional de Aviação Civil. Os trabalhadores da Infraero têm garantia de estabilidade no emprego. A Infraero detém 49% de participação nos consórcios ganhadores e poder de veto sobre as decisões. Ela passa a se associar a grupos privados, doravante, como a Petrobrás tem feito na exploração do pré-sal, como os Correios fazem com o Bradesco, como a Caixa sempre fez com as lotéricas, como o Banco do Brasil sempre fez com a Visa e a Mastercard. Ou seja, quem hoje ri dos leilões está rindo atrasado. A piada já foi contada faz tempo.

Ao mesmo tempo, é preciso que fique claro que os críticos do leilão estão, na prática, defendendo que o Estado faça questão de arcar com 100% do anúncio que diz “a Infraero informa”, do painel com os horários de vôo, da conta da limpeza dos banheiros, dos funcionários terceirizados que conferem os bilhetes de passagem na entrada dos portões de embarque, do carregamento das malas, dos guichês de informação, e, claro, das obras de ampliação. Qual a “razão de Estado” desses serviços, mesmo que eles sejam essenciais a qualquer aeroporto?

Os tucanos saboreiam uma vitória de Pirro. Comemoram algo que deveria preocupá-los. Ao aplaudirem a operação e ironizarem o governo, mais uma vez escondem a bandeira que os diferenciava: a da venda do patrimônio público e desencargo do Estado com determinadas áreas, passando-as para o pleno domínio empresarial. Abdicam de mais um assunto de sua pauta, quando, a rigor, deveriam estar defendendo a venda dos aeroportos e externar insatisfação com as meras concessões e com o poder da Infraero sobre os consórcios vencedores. De novo, o liberalismo brasileiro se esquivou de colocar a cara a tapa.

Partidos egressos de dissidências do PT, como o PSOL e o PSTU, também estão comemorando o que a eles parece uma desgraça. Mas terão o ônus de defender antigo “status quo” do sistema aeroportuário, num momento em que o transporte aéreo se popularizou e a crítica ao seu desempenho se intensificou.

Quando Lula enfrentou Alckmin em 2006, empunhou a bandeira da defesa do patrimônio público, contra a privatização. O candidato tucano se viu obrigado a aparecer usando um boné do Banco do Brasil e vestindo macacão com as marcas da Petrobrás e dos Correios.

O debate a favor e contra a privatização não era genérico, e sim específico. Tinha o nome e o endereço de cada uma das estatais acima referidas. Fazia todo o sentido, pois, no último ano da presidência FHC, em 2002, o Ministério da Fazenda oficialmente falava na necessidade de uma nova etapa do programa de privatizações e citava algumas dessas empresas como alvos imediatos.

O poder público todo dia bate o martelo, ou seja, leiloa a compra de serviços. Dos clips aos cartuchos para impressoras, do lápis aos computadores, da terceirização da vigilância aos serviços de recepção e limpeza. Garantir a propriedade pública e a operação estatal pode até ser um alívio para a consciência de muitos, mas o debate econômico sobre o papel do Estado na economia vai, além disso.

A questão essencial é sobre a relação do Estado com o setor privado para uma estratégia de desenvolvimento. O uso de recursos do BNDES em apoio às multinacionais brasileiras e aos grandes projetos de infraestrutura, o papel dos bancos públicos para o crédito à produção, os fundos de fomento à inovação, a contratação privada de serviços de saúde com recursos do SUS, a utilização de instituições privadas como complemento ao ensino superior e técnico, a lei de incentivo à cultura, entre tantos outros, são temas que mereceriam atenção redobrada. Sem precisar da cena do martelo, tudo isso já está posto. Em todos os casos, há bons exemplos e grandes problemas nessa relação.

O governo não está abandonando seu programa, nem dando nenhuma guinada. Qual a incongruência na concessão de aeroportos, se já se fazia concessão de rodovias? Qual o problema do modelo adotado para os consórcios dos aeroportos, com dinheiro do BNDES e com a associação entre empresas estatais e empresas privadas? Ele já vinha sendo adotado para as maiores obras de infraestrutura do PAC. Tal trajetória não começou na semana passada.

Que o PT abandonou muitas de suas teses do passado é absolutamente verdade. Em 1990, o PT já não era mais aquele dos anos 80. E o governo Dilma não é o governo Lula. A metamorfose ambulante continua sendo uma das características do PT. Mas, até aí, nenhuma novidade. Todas essas mudanças foram exaustivamente anunciadas, eleição após eleição. O debate não é se o PT está ou não mudando, é sobre para onde essa trajetória tem levado o Brasil. Neste ano, já poderemos fazer o balanço de uma década de mudanças consolidadas ou ainda em curso, e seus respectivos resultados e dilemas.

O martelo, neste momento, tem o efeito da varinha dos mágicos: desviar o olhar para o que deveria ser o centro de nossa atenção, ou seja, o coelho que está saindo de dentro da cartola.

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Suvaco do Cristo embala foliões no Jardim Botânico

Rui Zilnet

O bairro do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, amanheceu festivo. Logo nas primeiras horas do dia os foliões já disputavam espaço na concentração do bloco carnavalesco Suvaco do Cristo, nas proximidades da Rua Faro. O desfile, que começou por volta das 10 horas, trouxe à frente da bateria o casal de porta-bandeira e mestre-sala formada pela apresentadora Cynthia Howlett e pelo mestre de capoeira Davi Mico Preto, que contagiaram os foliões com muita simpatia e competência.


Cynthia Howlett, grávida pela segunda vez do casamento com o ator Du Moscovis, mesmo com o barrigão de sete meses, desfilou com muita disposição dando um show na passarela da Rua Jardim Botânico.

A bateria do Suvaco do Cristo, que mistura integrantes do Santa Marta com moradores da Zona Sul, levou o samba com muita firmeza, proporcionado pela experiência e profissionalismo dos seus integrantes, até a Praça Santos Dumont. A ala das baianas também apresentou um grande espetáculo, com a graça e beleza de quem sabe o que faz.

História
O Suvaco do Cristo nasceu em novembro de 1985, no posto nove, em Ipanema, idealizado por um grupo de pessoas, moradoras em um condomínio do Jardim Botânico, que não tinha muita ligação com o carnaval. Eram roqueiros.

Segundo seus historiadores, o nome inicial gerou muita discussão. Poderia ter sido algo como “tamanduá”, “olha o tamanho do A”, entre outros. Entretanto, o crédito do nome definitivo se deve ao maestro Tom Jobim, que morava na Rua Lopes Quintas, embaixo do braço direito do Cristo Redentor, e reclamava muito do mofo em sua casa, dizendo que ali era o suvaco do Cristo, o que deu origem ao nome do bloco carnavalesco. Confira a história completa no site do Suvaco do Cristo (www.suvacodocristo.com.br).


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domingo, 12 de fevereiro de 2012

O vergonhoso salário de um Policial Militar no Rio de Janeiro


Rui Zilnet

Dia desses em debate com um grupo de amigos de uma rede social, questionei o "como uma polícia que recebe os salários indicados na tabela abaixo pode sobreviver com dignidade, tratar a população com dignidade ou não viver promiscuamente com o ilegal e criminoso?". Porém, como sempre, quando se trata do assunto salário de "Polícia Militar, Bombeiros" e Professores, a posição é sempre extremamente reacionária. "São funcionários públicos que exercem funções excenciais e não podem fazer greve." As justificativas são sempre as mesmas: "se não estiverem satisfeitos, que procurem outro emprego, que vão trabalhar de gari". Lamentavelmente, sempre as justificativas de quem não tem o que justificar.


Um policial militar, um bombeiro ou um professor, além de fazerem parte do esteio da sociedade, são trabalhadores que produzem e merecem viver com dignidade humana para que possam tratar a populaçao com dignidade. Os salários que recebem estes profissionais são desumanos, escravagistas.

Com a tabela reproduzida acima, de quanto ganha um Policial Militar ou um Bombeiro Militar no Rio de Janeiro, tire as suas conclusões se há possibilidade de sobreviver com dignidade e/ou promover dignamente a segurança da população com um ganho desses?

É o Estado institucionalizando a escravidão e a criminalidade.


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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Bloco Galinha do Meio-Dia desfilará na orla resgatando tradições

Desfile do Bloco Galinha do Meio-dia em 2011 - Foto: Gustavo Pellizzon

A Confraria do Garoto em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-RJ (ABIH) e apoio da Riotur promove na terça-feira de carnaval (21), das 16 às 18 horas, o desfile do BLOCO GALINHA DO MEIO-DIA, misturando frevo, marchinhas, samba, e bossa-nova. A concentração será na Avenida Atlântica esquina  Avenida Princesa Isabel.


Enterro dos ossos
Domingo, dia 26, às 10h30, no canto do Arpoador, após um brunch (café da manhã) oferecido à diretoria pelo HOTEL FASANO. Padrinho: ZIRALDO PINTO.

Desfile final
Encerrando o carnaval na orla do Rio, no domingo (26), iniciando às 16 horas, com concentração no Marina Palace, na Avenida Delfim Moreira, o cortejo irá do Leblon ao Posto 9.

Carnaval tradicional (sem trio elétrico), com toque de clarins e banda com seis tubas, sendo uma da Orquestra Sinfônica. O Bloco Galinha do Meio-Dia receberá reforço, em seu desfile final, de músicos do Galo da Madrugada, vindos do Recife (Apoio: Trem do Corcovado)


Crianças a partir de dois anos, acompanhadas dos pais, receberão camisetas grátis.


VIVA DERCY!  DERCY VIVE !


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Pinheirinho, apenas mais um terreno vazio


Por Clara Roman, em CartaCapital

Um terreno baldio, a perder de vista, é o que sobrou do assentamento Pinheirinho. Ainda cercado de pinheiros, o espaço se assemelha a um lixão, com pilhas enormes de entulho. Nenhuma casa de pé. Entre os pedaços de telha e alvenaria, emergem os restos de toda uma vida destruída: roupinhas de criança, brinquedos, folhas de calendário, secador de cabelo, privadas, chips de computadores, cadernos escolares, livros religiosos. A maioria chamuscada. No sábado 4 de fevereiro, a fumaça ainda exalava do amontoado de madeira.

Algumas poucas pessoas andam entre os entulhos. Mesmo assim, como que para marcar território e sem grandes sinais de qualquer ação para impedir intrusos, um grupo de homens sentados à sombra de um toldo improvisado alerta, quando se chega mais perto “Não pode entrar, não. É propriedade particular”. Até pouco tempo atrás um bairro da cidade, o Pinheirinho é agora mais um pedaço de terra cercado.

As famílias foram espalhadas por quatro abrigos em escolas da região. Uma quadra poliesportiva é o dormitório. Em volta do colchão, as pessoas reúnem os poucos pertences que conseguiram salvar da demolição. Algumas adolescentes experimentam qual sapato de salto alto da pilha de doações fica melhor nelas. Crianças passam perguntando onde estava o moço que distribui as balas, em meio a brincadeiras improvisadas para passar o tempo.

Depois da operação, as famílias do Pinheirinho contam sofrer todo tipo de estigma. Uma mulher reclama que não consegue matricular seu filho na escola, depois que disse ser ex-moradora do Pinheirinho. A estratégia da prefeitura para esvaziar os abrigos é oferecer aluguel social, traduzido em um cheque de 500 reais. Mas o morador só pode ter acesso ao dinheiro depois de comprovar que terá onde gastar. Muitos encontram dificuldade em fechar o contrato do aluguel por apenas seis meses, período em que a prefeitura garante o pagamento. Vários contam terem perdido os empregos, depois de aparecerem na televisão como os invasores do Pinheirinho. “Ficamos com todas as famas ruins: de baderneiro, invasor”, indigna-se uma das ex-moradoras no assentamento.

Um homem deitado em seu colchão na quadra, tomando um copo de Eno – segundo ele, por causa da má qualidade da comida servida pela assistência social –, reclama de sua falta de sorte. Na fila de programas habitacionais do governo, quase foi sorteado duas vezes para uma moradia, mas perdeu por pouco. Agora, afirma sentir-se humilhado com o que o governo fez. Enquanto o Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) realiza um levantamento junto aos moradores dos bens perdidos na demolição – os tratores da prefeitura não esperaram as famílias tirarem seus pertences – para uma possível indenização, ele declara não esperar mais nada da prefeitura.

Há um sentimento geral de tristeza e falta de perspectivas. Muita gente já foi embora. Alguns se hospedaram na casa de parentes, enquanto outros aceitaram da prefeitura a passagem só de ida para outros estados, onde têm família.

Mobilização
Às 18h do sábado 4, as pessoas começam a chegar na praça onde será a Assembleia. Alguns líderes sindicais já se reúnem em cima do caminhão que serve de palanque. Marrom, uma das prinicipais lideranças do Pinheirinho, é aplaudido quando sobe no teto do veículo. Canta-se o hino da CSP-Conlutas, central sindical ligada ao PSTU.

A reunião tem cerca de 200 pessoas, mas aos poucos mais famílias começam a chegar. Uma mulher puxa um grito: “Aha, uhu, o Pinheirinho é nosso”, mas não é acompanhada. Canta o verso umas três vezes e depois desiste. “A gente quer voltar para o Pinheirinho?”, chama o homem em cima do caminhão. Um “sim” é a resposta geral, mas do meio da multidão, ecoam gritos de “não”.

Os líderes da Assembleia reforçam a ideia de que a união será a principal arma para conseguir desapropriar a área do assentamento e reinstalar a comunidade. Divididos em quatro alojamentos e dispersos pelos quatro cantos do país, reunir as 1600 famílias novamente está cada vez mais difícil. O assessor de um vereador da cidade explica: o processo de despejo de comunidades é feito constantemente em São José dos Campos, mas de modo sutil, aos pedaços. Assim, os bairros somem quase imperceptivelmente ao longo dos anos. O Pinheirinho, que possuía uma liderança muito forte e população organizada, permaneceu ‘inteira’. Até os dois mil policiais forçarem sua saída no dia 22 de janeiro.


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Parque Garota de Ipanema brinda visitantes com show de dança cigana

O Arpoador, um dos points mais badalados das praias da Zona Sul do Rio de Janeio sempre nos trás surpresas agradáveis. Na tarde do último domingo (5), quem passou pelo Parque Garota de Ipanema foi brindado com o belo espetáculo de dança cigana apresentado pela Companhia Vênus de Dança Jackie Chermont, de Niterói, integrando a programação do Carnaval das Culturas, promovido pela Prefeitura do Rio.

A Companhia Vênus, criada em 2005, é dirigida pela professora Jackie Chermont, que destaca-se no mundo da dança ministrando aulas de dança cigana e dança do ventre, além de shows solo e com o grupo, em apresentações regionais e nacionais.

Contatos para shows pelo tel: (21) 9665-0816 ou pelo e-mail ciavenusdedancadoventre@ig.com.br


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