quarta-feira, 17 de abril de 2013

Após mais de um século perdidas, obras inéditas de autor gaúcho são lançadas em Pelotas



Por Rui Zilnet

Dia desses, em viagem a Pelotas/RS, minha terra natal, logo à chegada tive a grata surpresa ao saber que naquela noite aconteceria o lançamento de duas obras inéditas do autor pelotense J. Simões Lopes Neto (1865/1916), perdidas há mais de um século e recuperadas recentemente.

Considerado pelos estudiosos como o principal autor regionalista gaúcho, pela valorização que sempre imprimiu à história do Rio Grande do Sul e de suas tradições, Lopes Neto publicou somente quatro livros durante sua vida. São eles, "Cancioneiro Guasca" (1910); "Contos Gauchescos" (1912); "Lendas do Sul" (1913); "Casos do Romualdo" (1914). Contudo, a sua imortalização literária só ocorreu 33 anos após a sua morte, em 1949, com o lançamento de Contos Gauchescos e Lendas do Sul pela Editora Globo.

Além de escritor, Simões Lopes Neto também empreendeu-se pelos negócios. Mas não tenho a pretensão de escrever aqui a sua biografia. O que interessa no meomento é a história que envolve o lançamento dessas duas obras intéditas, "Terra Gaúcha - Histórias de Infância" e "Artinha de Leitura", cujos manuscritos dados como perdidos foram organizados pelo professor e escritor Luís Augusto Fischer.

Terra Gaúcha - Histórias de Infância, um livro para leitura em sala de aula, com relatos das férias de um menino na fazenda da família e seu cotidiano escolar e seus colegas, representou uma virada decisiva na vida do escritor pelotense, ao seguir o exemplo de otros escritores da geração, como Olavo Bilac e Coelho Neto, que ingressavam na área do ensino.

Artinha de Leitura foi escrito obedecendo padrões de uma novaortografia da época, que acabara de ser aprovada pela jovem Academia Brasileira de Letras. Apesar de ser uma iniciativa literária de vanguarda, acabou sendo rejeitada por não atender aos critérios de ensino vigentes.

No que diz respeito às obras lançadas, é indiscutível a capacidade literária do autor. Seria muito difícil a um pelotense com mais de meio século de existência negar a influência de J. Simões Lopes Neto sobre a história e as tradições gaúchas. A apresentação final dos dois livros, capa, diagramação, tipologia, etc., impecáveis.

O que me chamou a atenção durante o lançamento, além da presença de figuras tipicamente folclóricas da elite local, foi o fato da venda dos livros, que apesar de terem sido patrocinados pelo Ministério da Cultura, custaram R$ 69,90 a quem tivesse interesse, como eu, e não foi convidado para a festa. Os convidados receberam gratuitamente o kit com os dois livros.

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