domingo, 7 de fevereiro de 2010

Acusações levianas

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Há sempre aquele dia em que melhor seria não sair de casa. Para mim, este dia foi na última sexta-feira. Veja só, por volta das 10 horas da manhã, quando me dirigia ao ponto do bonde, no Largo dos Guimarães, sob um sol intenso, eu procurava caminhar por onde houvesse alguma proteção de sombra. Na altura da última curva, antes do largo, atravessei a rua em busca de sombra. Imediatamente após ter passado para a calçada do lado oposto, um veículo parou ao meu lado e o motorista me interpelou, querendo saber se eu trabalhava ali. Eu, ingênua e cordialmente, atendi ao sujeito, lhe respondendo que não trabalhava naquele local, mas era morador do bairro. Foi aí que veio a bomba. Fui advertido severamente pelo indivíduo, de que era proibido jogar lixo naquele local. Sinceramente, como a coisa foi de supetão, não entendi nada. E o carro saiu sem me dar tempo de reagir e defender-me, dando-lhe uma boa resposta.

Meus  amigos, até agora não consegui digerir tal acusação. Eu havia acabado de atravessar a rua e o tal carro surgiu como se do nada. Mas a história não pára por aqui. Continuei meu trajeto. Embarquei no bonde e fui em busca do meu destino, o hospital do Fundão. Por lá permaneci uma grande parte da sexta-feira, pois, tinha uma consulta agendada. Depois do atendimento médico, no vai-e-vem das marcações e buscas por resultados de exames, quando voltava do laboratório de patologia, no sub-solo do Hospital Universitário Clementino Fraga, no Fundão, ao embarcar no elevador, pedi ao ascensorista para que me deixasse no primeiro andar. O sujeito me respondeu, atravessado, que não pararia no primeiro andar. Questionei e expus a minha condição, ao que o elemento reconsiderou, mas dizendo que me quebraria o galho. Disse isso mesmo: “desta vez vou te quebrar o galho”. Mais uma vêz fui tomado pela indignação. Eu e ou qualquer outra pessoa que não vai a um hospital ou qualquer órgão público que seja, atrás de quebra-galho. O cidadão vai em busca de um atendimento digno. O elevador, em qualquer prédio, seja público ou privado, existe para transportar as pessoas, independentemente do andar a qual se dirige.

Mas continuei minha rotina normal dos compromissos no hospital. Depois de concluído tudo o que tinha a fazer, aquela situação do elevador continuava atravessada na garganta. Voltei ao sub-solo e fui ao posto de chefia do serviço de elevadores, onde uma senhora muito educada e gentil, ouviu minha queixa, prometeu providências e me colocou num elevador de volta ao primeiro andar.

Outro dia, também, passei por situação constrangedora, num ônibus que faz a linha Santa Tereza/Central do Brasil, quando ao desembarcar, uma maluca cuspiu pela janela do coletivo,  olhou para a minha cara e lascou: “Tá me encarando por quê? Vou chamar a polícia. Isto é assédio.” A coisa aconteceu tão rápido, que não tive tempo de pensar para esboçar qualquer reação, o que, até, acho, foi melhor. Numa situação destas, o melhor mesmo é engolir seco.

Mas, acredite, a mulher era um canhão. Qualquer pessoa de bom senso, jamais perderia seu tempo em olhar para uma coisa daquelas. Acho até que por este fato, da feiúra tão acentuada,  a intenção dela só poderia mesmo ser de chamar a atenção ou, talvez, me achacar. Depois, conversando com algumas pessoas do bairro sobre o ocorrido, fiquei sabendo que não fui a primeira vítima desta maluca.

Mas, acreditem, estas coisas não me fazem gostar menos da cidade onde vivo, tampouco do bairro onde moro. Nem tudo é perfeito, mas o Rio de Janeiro continua sendo a Cidade Maravilhosa. A melhor cidade do mundo. Estas pessoas, se assim devemos considerar, passam por aqui, a cidade continua. E, tenho certeza, um dia será melhor.
O

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