Por Rui
Zilnet
No início
deste mês de junho tive a oportunidade e felicidade de poder retornar a Bauru,
cidade localizada na Região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, conhecida não
somente pelo famoso sanduíche que leva o seu nome, mas também por sediar um dos
principais troncos rodoferroviários do país por muitas décadas, e que me
acolheu entre os anos de 1990 e 1993.
Pórtico da gare abandonada da Estação Noroeste do Brasil/Bauru/SP |
Nesta
viagem, permaneci por oito dias revendo uma Bauru bonita, bem urbanizada, mas
com uma grande chaga, provocada pelo estado de abandono da ferrovia, que,
durante décadas, representou o progresso e desenvolvimento da região. Até a
década de 1990, trens de passageiros e cargas com destino a diversas
localidades brasileiras produziam intenso movimento na Estação Noroeste do
Brasil.
Cheguei à
cidade, pela primeira vez, no início da década de 1970, por um trem do ramal de
Botucatu, que, se não me falha a memória, era da Ituana ou Sorocabana. Mais tarde, viajei
muitas vezes nos confortáveis trens da Companhia Paulista, que partiam à noite
da Estação da Luz [depois da Barra Funda], em São Paulo, e chegavam a Bauru no
início da manhã.
Composição com locomotivas de tração elétrica abandonada na gare |
De Bauru
também parti várias vezes rumo a Campo Grande e Corumbá, no trem do Pantanal.
Viagens inesquecíveis. Não esqueço do carinho com que era tratado pelo pessoal
da RFFSA, na Estação Noroeste de Bauru, durante os anos que permaneci na
cidade.
O último
trem de passageiros, da antiga linha da Cia. Paulista, chegou a estação de
Bauru no dia 15 de março de 2001. No dia 13 de janeiro de 1993 acompanhei e registrei
a última viagem do trem Bauru/Campo Grande. O que resta hoje no local é o total
abandono, representando o descaso com a história e os bens públicos em nosso
país.
Trem Maria-Fumaça recuperado por funcionários da Prefeitura de Bauru |
O que sobra
da ferrovia em Bauru, além do estado de abandono e para aliviar o sofrimento dos amantes da ferrovia, é um singelo museu mantido
pela Secretaria de Cultura do município, em prédio contíguo à antiga estação.
Um trem Maria-Fumaça, prefixo 278, recuperado por funcionários da Prefeitura Municipal, circula no terceiro domingo do mês, em
pequeno percurso, tracionando dois vagões de passageiros, um de primeira e
outro de segunda classe, além de um vagão de administração.
Observação:
Durante
minha visita à gare da Estação Noroeste do Brasil, no último dia 13, um dos
fatos que me deixou indignado e perplexo foi provocado por uma guia de turismo,
da Secretaria de Cultura do Município, que acompanhava um grupo de estudantes
em visita ao trem Maria-Fumaça e interrompeu seu trabalho, extrapolando de
suas funções, para me interpelar de forma autoritária enquanto eu,
devidamente identificado e autorizado, desempenhava minha função jornalística.
Não entendi o interesse da funcionária em tentar ocultar o que está tão visível
a todos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário