quinta-feira, 21 de junho de 2012

Rememorando Bauru

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Por Rui Zilnet

No início deste mês de junho tive a oportunidade e felicidade de poder retornar a Bauru, cidade localizada na Região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, conhecida não somente pelo famoso sanduíche que leva o seu nome, mas também por sediar um dos principais troncos rodoferroviários do país por muitas décadas, e que me acolheu entre os anos de 1990 e 1993.

Pórtico da gare abandonada da Estação Noroeste do Brasil/Bauru/SP
Nesta viagem, permaneci por oito dias revendo uma Bauru bonita, bem urbanizada, mas com uma grande chaga, provocada pelo estado de abandono da ferrovia, que, durante décadas, representou o progresso e desenvolvimento da região. Até a década de 1990, trens de passageiros e cargas com destino a diversas localidades brasileiras produziam intenso movimento na Estação Noroeste do Brasil.

Cheguei à cidade, pela primeira vez, no início da década de 1970, por um trem do ramal de Botucatu, que, se não me falha a memória, era da Ituana ou Sorocabana. Mais tarde, viajei muitas vezes nos confortáveis trens da Companhia Paulista, que partiam à noite da Estação da Luz [depois da Barra Funda], em São Paulo, e chegavam a Bauru no início da manhã.

Composição com locomotivas de tração elétrica abandonada na gare
De Bauru também parti várias vezes rumo a Campo Grande e Corumbá, no trem do Pantanal. Viagens inesquecíveis. Não esqueço do carinho com que era tratado pelo pessoal da RFFSA, na Estação Noroeste de Bauru, durante os anos que permaneci na cidade.

O último trem de passageiros, da antiga linha da Cia. Paulista, chegou a estação de Bauru no dia 15 de março de 2001. No dia 13 de janeiro de 1993 acompanhei e registrei a última viagem do trem Bauru/Campo Grande. O que resta hoje no local é o total abandono, representando o descaso com a história e os bens públicos em nosso país.

Trem Maria-Fumaça recuperado por funcionários da Prefeitura de Bauru
O que sobra da ferrovia em Bauru, além do estado de abandono e para aliviar o sofrimento dos amantes da ferrovia, é um singelo museu mantido pela Secretaria de Cultura do município, em prédio contíguo à antiga estação. Um trem Maria-Fumaça, prefixo 278, recuperado por funcionários da Prefeitura Municipal, circula no terceiro domingo do mês, em pequeno percurso, tracionando dois vagões de passageiros, um de primeira e outro de segunda classe, além de um vagão de administração.



Observação:

Durante minha visita à gare da Estação Noroeste do Brasil, no último dia 13, um dos fatos que me deixou indignado e perplexo foi provocado por uma guia de turismo, da Secretaria de Cultura do Município, que acompanhava um grupo de estudantes em visita ao trem Maria-Fumaça e interrompeu seu trabalho, extrapolando de suas funções, para me interpelar de forma autoritária enquanto eu, devidamente identificado e autorizado, desempenhava minha função jornalística. Não entendi o interesse da funcionária em tentar ocultar o que está tão visível a todos.

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