“Energia eólica não tem prioridade para expansão no Brasil”
As turbinas movidas pela força dos ventos (eólicas) são uma fonte limpa e renovável de energia, porém não constam como prioridade nos planos oficiais de geração energética, revela pesquisa do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP. A capacidade atual instalada é de 1 Gigawatt (GW), o que representa apenas 0,88% do total da energia disponível no Brasil. O trabalho da pesquisadora Juliana Chade mostra que os planos existentes podem aumentar essa capacidade para 6 GW até 2019, muito abaixo do potencial eólico do País, estimado em 143 GW.
O plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão do governo federal, insere a energia eólica como alternativa ao atendimento da carga.
– Ele prevê uma capacidade instalada de aproximadamente 6 GW em 2019 –, afirma a pesquisadora.
– Entretanto, o plano energético oficial, com horizonte até 2030, elaborado pela EPE, dá ênfase à geração térmica, ao gás natural, carvão e nuclear, como alternativa de complementação à geração hídrica.
De acordo com Juliana, o custo do investimento pode ser a maior dificuldade para a inserção da energia eólica no Brasil.
– Mas os custos tendem a ser reduzidos com o aprendizado da tecnologia e incentivos governamentais –, destaca.
– Outra dificuldade seria a falta de histórico de medição de ventos, pois dados de medição de longo prazo conduzem a projetos mais eficientes e com menos risco de incerteza na previsão de geração.
A pesquisadora lembra que o Brasil possui pouco histórico com a tecnologia eólica e necessita treinar pessoas para manutenção e operação das usinas.
– É preciso uma estratégia de inserção de fontes eólicas por meio de pacotes de fornecimento com a progressiva nacionalização da cadeia produtiva –, sugere.
– Além disso, deve haver mecanismos de mobilidade de ciência e tecnologia para desenvolvimento da infraestrutura e logística, com programas de incentivos tecnológicos, recursos humanos, pesquisa, materiais, componentes, a fim de se obter ganho de escala na indústria.
Segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado pelo Centro Brasileiro de Referência para as Energias Solar e Eólica (CRESESB) do Centro de Pesquisas em Energia Elétrica (Cepel) das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), o Brasil possui um potencial eólico de 143 GW, valor analisado em 2001, quando haviam menores torres e ventos a 50 metros (m) de altura.
– Hoje há torres mais altas, o que aumentaria o potencial estudado. A região Nordeste possui aproximadamente metade do potencial do Brasil, outra região que se destaca é o litoral e interior do Rio Grande do Sul, que apresentam as maiores velocidades de ventos para a geração de energia.
A energia eólica é uma fonte alternativa de energia limpa, renovável, ou seja que não se esgota, diferentemente das fontes térmicas de combustíveis fósseis, que além dos custos com combustível, geram gases de efeito estufa.
– A eólica apresenta características de geração distribuída, o que reduz perdas na transmissão e a necessidade de investimentos de ampliação da rede –, diz a pesquisadora.
– Além disso, os regimes de ventos apresentam sinais de complementaridade com o regime de hidrologia, preservando os níveis de armazenamento.
Juliana observa que existem fábricas de pás e turbinas eólicas no Brasil, apesar de alguns materiais serem importados para a construção dos parques.
– Nos últimos leilões de energia que contaram com fontes eólicas, em 2009 e 2010, houve uma maior participação da tecnologia e também redução em seus preços –, completa.
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Considerando q o Brasil foi o primeiro país do mundo a ter um leilão EXCLUSIVO de energia eólica, não sei se é má fé ou desinformação essa notícia. Existem cerca de 400 projetos de usinas eólicas em construção no Brasil. Agora, como trata-se de uma energia não-segura (se o vento pára, a produção pára), está sendo sempre usada para energia suplementar, especialmente em estados deficitários, como no Nordeste setentrional ou no extremo-sul do Brasil, reduzindo-se os custos de transmissão de longa distância.
ResponderExcluirCaro Sérgio, não se trata de desinformação, tampouco má fé. O que há instalado representa muito pouco.
ResponderExcluir"O Brasil possui 44 parques eólicos em operação, todos construídos com incentivos do Programa de Infraestrutura (Proinfra). Apesar do grande potencial dos ventos que sopram por aqui, os turboélices geram apenas 0,5% da energia produzida no País. A expectativa é de que este cenário mude daqui para frente. Nos últimos dois anos, o governo federal contratou a construção de 141 novos empreendimentos, que serão entregues entre 2012 e 2013." (em Carta Capital de 3/5/2011).