O artigo abaixo, transcrito na íntegra do site da UOL Tecnologia, alerta para os principais riscos que usuários da internet correm por adicionar, na maioria das vezes ingenuamente, informações do dia-a-dia nas redes sociais.
Especialistas em segurança relatam como as redes sociais colocam internautas em risco
ANA IKEDA E GUILHERME TAGIAROLI | Do UOL Tecnologia
Informação aparentemente "inocente" pode ser usada para crimes como sequestro e assalto
Diante desse cenário, o UOL Tecnologia ouviu especialistas em crimes digitais (advogados e delegados) que relatam casos de pessoas que foram vítimas das próprias informações divulgadas na web (confira aqui situações de quem se deu mal por conta do que postou). Além dos relatos, os especialistas também dão dicas para você evitar situações parecidas; confira.
Montagem de fotos
Num dia você está namorando; no outro, já terminou a relação. Ao navegar no Orkut, encontra fotos íntimas suas editadas em corpos de mulheres nuas. “São situações cada vez mais recorrentes”, alerta Renato Opice Blum, especialista em direito eletrônico. O caso em questão é real: a mulher foi indenizada em R$ 100 mil pelo ex-namorado. Ele aproveitou o acesso às fotos no perfil dela para se vingar pelo fim do relacionamento de quatro anos.
“Bom senso e cautela. Esse é o principal conselho para quem pretende compartilhar informações em redes sociais. O internauta deve lembrar que, além dos amigos do seu círculo mais próximo, existem os ‘amigos dos amigos’. Até que ponto você conhece essas pessoas?”, alerta Opice Blum.
Os casos de montagem de fotos não se restringem aos adultos. “Algo recorrente entre os adolescentes é o cyberbullying, que entre outras práticas consiste no uso de imagens de uma pessoa, geralmente ‘roubadas’ em redes sociais, para usá-la em outro contexto. Entre eles, o pornográfico. Há ainda a possibilidade de fazer montagens para expor alguém ao ridículo”, explicou Fernando Nejm, diretor de prevenção e atendimento da Safernet, uma instituição que cuida dos direitos humanos na internet. Em alguns casos, segundo ele, uma foto de criança em uma rede social pode ir parar em sites de pornografia infantil.
Casa vazia
Existem casos ainda mais surpreendentes, porque envolvem informações aparentemente inocentes. Você finalmente vai tirar férias e acaba atualizando seu perfil com o seguinte status: “amigos, ficarei um mês offline. Férias no Nordeste!”. Ao voltar de viagem, encontra sua casa completamente “vazia”. Ela foi assaltada durante sua ausência.
“Um comerciante que morava em São Paulo fez várias postagens no Orkut sobre o período que passaria em férias. Quando retornou, teve essa surpresa desagradável”, conta o delegado José Mariano de Araújo Filho, da Unidade de Inteligência Policial do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic-SP). O crime não foi solucionado e serve de alerta: até mesmo mensagens corriqueiras viram informações “preciosas” para criminosos.
“Na internet, é necessário que a pessoa tenha o mesmo cuidado com sua proteção pessoal como a que tem na vida real. Você não leva um desconhecido para dentro da sua casa. Por que então vai adicioná-lo ao seu perfil do Orkut?”, exemplifica Araújo Filho. O delegado lembra ainda que muitas pessoas não reparam que as informações das redes sociais estão indexadas às principais ferramentas de busca online. “Basta entrar no Google para obter dados como um endereço ou telefone pessoal”, alerta.
Orkut: prato cheio para crimes
Ainda que fora do país haja várias denúncias às políticas de privacidade do Facebook, (o que, inclusive culminou numa série de mudanças no serviço, anunciadas nessa semana), o vilão dos crimes virtuais relacionados à reputação no Brasil ainda é o Orkut, sobretudo pela popularidade da rede no país (confira aqui como "trancar" seu perfil neste site).
Em comparação com seus concorrentes, o Orkut lidera com folga no número de acessos. O levantamento do Ibope Nielsen Online, do mês de março, indica que só a rede social do Google teve 26,5 milhões de acessos únicos, enquanto seus concorrentes Twitter e Facebook tiveram 9,8 milhões e 9,6 milhões, respectivamente.
De acordo com a delegada Helen Sardenberg, da DRCI-RJ (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática), quase 80% das ocorrências de sua delegacia envolviam o Orkut. "Em 2009, 76% dos registros de ocorrência do Rio de Janeiro na Delegacia de Crimes de Informática envolviam o Orkut. E eu não posso ser da 'delegacia do Orkut'."
Para ela, a rede social melhorou muito nos mecanismos de privacidade. No entanto, ainda falta rapidez no atendimento. “A pessoa lesada não consegue ter um contato rápido com o Google e os usuários passam a procurar a polícia”, critica.
Nejm, da Safernet, concorda com a delegada, mas pontua que a empresa tem um prazo específico para atender denúncias de pedofilia na internet, devido a um TAC – Termo de ajustamento de conduta – assinado pelo Google junto ao Ministério Público Federal. "Denúncias de pornografia infantil devem ter algum tipo de resposta em até 48 horas. Outras levam até meses.”
Por mais que as redes sociais tenham termos de uso e conduta, a delegada do DRCI-RJ acredita que o ideal seriam mecanismos mais simples de informação sobre privacidade. “As redes sociais deveriam, antes de a pessoa se inscrever, alertar para os perigos que elas correm ao postar informações pessoais.”
Fonte: http://tecnologia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2010/05/27/perfis-online-em-redes-sociais-atraem-criminosos-com-excesso-de-detalhes.jhtm
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