sábado, 6 de novembro de 2010

LOBATO, LEITURA E CENSURA

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Por Rui Zilnet


Na última semana, o Conselho Nacional de Educação (CNE) divulgou parecer, recomendando a exclusão de “Caçadas  de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, da lista de livros distribuídos às escolas, apontando preconceito racial na obra.

Considerando as inúmeras críticas que foram encaminhadas ao governo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, decidiu não acatar o polêmico parecer do CNE, que terá que ser revisto. Em entrevista à imprensa, Haddad disse ter recebido muitas manifestações para afastar qualquer hipótese, ainda que por razões justificadas, de censura ou veto a uma obra, sobretudo de Monteiro Lobato. “Pessoalmente não vejo racismo”, completou.

Os escritores Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos de Queirós, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira, Ruth Rocha e Ziraldo apresentam sua opinião sobre o veto do Conselho Nacional de Educação ao livro As Caçadas de Pedrinho, de Monteiro Lobato, em documento por eles assinado:

“Os abaixo-assinados, escritores brasileiros que, como Monteiro Lobato, têm suas obras destinadas às crianças brasileiras, vêm, através deste documento, apresentar seu desagrado e desacordo ao veto do Conselho Nacional de Educação ao livro As Caçadas de Pedrinho, do nosso grande autor. Suas criações têm formado, ao longo dos anos, gerações e gerações dos melhores escritores deste país que, a partir da leitura de suas obras, viram despertar sua vocação e sentiram-se destinados, cada um a seu modo, a repetir seu destino.

A maravilhosa obra de Monteiro Lobato faz parte do patrimônio cultural de todos nós – crianças, adultos, alunos, professores – brasileiros de todos os credos e raças. Nenhum de nós, nem os mais vividos, têm conhecimento de que os livros de Lobato nos tenham tornado pessoas desagregadas, intolerantes ou racistas. Pelo contrário: com ele aprendemos a amar imensamente este país e a alimentar esperança em seu futuro. Ela inaugura, nos albores do século passado, nossa confiança nos destinos do Brasil e é um dos pilares das nossas melhores conquistas culturais e sociais. Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2010”

O documento é assinado por Ana Maria Machado, Bartolomeu Campos de Queirós, Lygia Bojunga, Pedro Bandeira, Ruth Rocha e Ziraldo.

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