quinta-feira, 10 de março de 2011

O público da Internet é o culpado pela crise no Minc


Por Rui Zilnet

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, em declaração à Carta Capital, tira o corpo fora das acusações que vem sofrendo desde que assumiu o Minc. Ela procura passar a imagem de santa protetora dos autores intelectuais - atores, músicos, fotógrafos, escritores, pintores, enfim... -, como se só o direito do autor estivesse em discussão. Uma bajulação explícita para desviar o foco do debate, subestimando a inteligência do público.

Carta Capital

CartaCapital solicita, desde 31 de janeiro, uma entrevista com a ministra. Na quarta-feira 2 [de março], durante o fechamento desta edição, a revista recebeu respostas a perguntas a ela enviadas por e-mail na sexta 25 [de fevereiro]. Em uma das respostas, Ana reitera a intenção de preservar o direito autoral: “Se o criador, seja de artes gráficas, música, literatura, teatro, dança, fotografia ou de qualquer outra área, perder o direito a receber pelo seu trabalho, vai viver do quê? Temos que entender isso como uma profissão, é quase uma questão trabalhista. O público da internet não paga pelos provedores, pelos softwares, pelas telefônicas usadas para baixar esses produtos? Por que não vai pagar ao autor do conteúdo, o elo mais fraco em meio a essas ferramentas todas?

Parece que há uma campanha para satanizar o autor, como inimigo nº 1 do cidadão. No momento em que se liberassem gratuitamente as obras, independentemente da autorização do autor, deixaria de haver interesse em se produzir ou editar obras no Brasil. Quem pudesse, as registraria no exterior, como única forma de poder controlar, minimamente, sua obra. E o Brasil perderia esse patrimônio cultural, riquíssimo, cobiçadíssimo, que é o da criação nas suas diversas formas”.


Para Ana de Hollanda, os culpados da crise no Minc, simplesmente, são os usuários da Internet e ponto final. Em momento algum ela cita os rumos que irão tomar as políticas públicas criadas, implementadas e desenvolvidas no período do governo Lula, com as administrações de Gilberto Gil e Juca Ferreira no Ministério da Cultura.


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