segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tunísia liberta presos políticos e garante trabalho da imprensa


O primeiro-ministro da Tunísia, Mohammed Ghannouchi, anunciou nesta segunda-feira (17) a formação de um governo de unidade nacional. O presidente Zine-al-Abidine Ben Ali abandonou o país, na última sexta-feira (14), depois de 23 anos no poder. Os titulares das pastas do Interior, Relações Exteriores e Defesa mantiveram os cargos, bem como o próprio primeiro-ministro, que vai liderar o gabinete até a convocação de novas eleições.

Três líderes oposicionistas foram indicados para os ministérios da Educação Superior, da Saúde e do Desenvolvimento. O governo também anunciou a libertação de presos políticos e a suspensão de qualquer restrição ao trabalho da imprensa.

Em entrevista coletiva, o primeiro-ministro disse estar comprometido em “reestabelecer a calma e a paz no coração de todos os cidadãos”, bem como fazer as reformas política e econômica.

Durante a noite, tiros foram ouvidos nas proximidades do palácio presidencial, em Cartago, segundo relatou a BBC. Soldados patrulham as ruas de Tunis e outras cidades importantes. No domingo (16), o ex-chefe da segurança presidencial foi preso, acusado de fomentar a violência.

Por causa da instabilidade política, já começa a faltar combustível nos postos do país. As filas são enormes. Os saques constantes fizeram com que moradores bloqueassem as suas ruas com pedras e troncos de árvores para proteger as próprias casas. Há reclamações de que faltam pão e farinha nos mercados da capital. Um grupo de cidadãos suecos, que disse estar no país para caçar, foi atacado por populares porque estavam carregando armas em um táxi.

Ben Ali, que governou a Tunísia por 23 anos, ao abandonar o poder, buscou abrigo na Arábia Saudita. No sábado (17) a Corte Suprema determinou que o afastamento de Ben Ali é definitivo e que novas eleições presidenciais devem ocorrer em, no máximo, em 60 dias.

Durante um mês, manifestantes fizeram protestos diários em cidades do interior, contra o aumento dos preços dos alimentos e a falta de empregos. A exemplo do que aconteceu em setembro do ano passado nos protestos de rua em Maputo, Moçambique, os meios eletrônicos foram fundamentais para mobilizar a população.

Em Moçambique, o veículo usado foi o telefone celular e as mensagens de SMS (sigla em inglês para serviço de mensagens curtas). Na Tunísia, o grande catalisador foram os sites de relacionamento.

Alguns tunisinos que viviam no exterior chegaram a Tunis, para a grande manifestação de sexta-feira passada, convocados pela rede mundial de computadores. Um deles, Mohamed Ben Hazouz, que mora em Paris, citado pela Voz da America, disse que essa foi a “primeira ciber-revolução do mundo”. O movimento também é chamado nas redes sociais de Revolução de Jasmim ou Revolução Facebook.

Alguns sites também creditam às informações vazadas pelo site Wikileaks a gota que faltava para fazer transbordar a insatisfação com o governo. Os vazamentos falam em atos de corrupção atribuídos à integrantes da família do ex-presidente.

Fonte: EBC/ABr

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário