sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Militante assassinado pela ditadura militar ganha memorial no Clube de Regatas Flamengo

Por Rui Zilnet


Stuart Angel Jones, militante assassinado cruelmente em 1971 pelo regime militar, foi homenageado ontem com a inauguração de um memorial no Clube de Regatas Flamengo, no Rio de Janeiro, entidade da qual foi remador.

Militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro – MR-8, Stuart Angel, que era estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi assassinado barbaramente em 14 de maio de 1971, após ter sido vítima de sessões de tortura e de ter sido arrastado por um jipe militar nas dependências do DOI-CODI, na Rua Barão de Mesquita 425, no bairro da Tijuca, onde funciona o quartel do 1º Batalhão da Polícia do Exército.

Angel era filho da famosa estilista Zuzu Angel, pioneira da moda brasileira, conhecida pelo sucesso que fez no mundo inteiro. Zuzu, que empreendeu grande batalha contra o regime militar, pela recuperação do corpo do filho, que até hoje não apareceu, morreu no dia 14 de abril de 1976, em acidente de carro na Estrada da Gávea, no Rio de Janeiro, com circunstâncias ainda não esclarecidas.

Entre os presentes ao evento, estavam o ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; o ex-militante de esquerda durante a ditadura militar, Franklin Martins, atual ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, e Cid Benjamin, um dos organizadores do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969;

Em discurso emocionado, Franklin disse: “Estamos celebrando aqui a memória de todos aqueles que lutaram e caíram. Fizemos parte de uma juventude que errou. Os que não lutaram nos cobram os erros, os que lutaram pela metade nos cobram os erros, os que esperaram a ditadura acabar nos cobram os erros. Mas essa juventude maravilhosa não errou em duas coisas: não apoiou a ditadura e não ficou esperando o carnaval chegar para dizer que tinha lutado contra a ditadura”.

A irmã de Stuart Angel, Hildegard Angel, descerrou a placa em homenagem ao militante e declarou que o ato se estendia a todos aqueles que lutaram, foram presos, torturados e mortos pela ditadura militar. “É uma homenagem a todos, porque há muitos outros que tiveram a mesma luta e também merecem monumentos. O Stuart foi um deles. O meu empenho é para que essa história não se repita”, disse.


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